segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

A tal da Gestalt

(texto adiado por falta de internet)

Semana passada meu ilustríssimo professor de Arte Publicitária passou um slide durante a aula para relembrar-nos da Gestalt, para usá-la na criação da identidade visual de uma marca. Tudo aquilo: pregnância, proximidade, fechamento…
Opa, fechamento?
Ah, tá, me fez lembrar do trabalho do 1º período do curso, na matéria Psicologia I, a professora gostou tanto que me pediu pra fazer um artigo ou publicar num blog. Aí eu esqueci…e agora vou fazer isso, logo, aqui vai o meu primeiro texto de cunho acadêmico:

A tarefa
Os grupos deveriam encontrar uma imagem que representasse alguns dos princípios da Gestalt para apresentar em sala de aula. Todo mundo foi procurar na internet. Mas aí…o meu grupo, composto por Inês, Júlia e ingrid, além de mim, lógico, resolveu fazer a tal reunião na minha casa. Quer dizer, aquilo era tudo, menos uma casa: assim que vim morar em Aracaju, fiquei numa kitnet meio desorganizada – sendo bem bondosa – , e então estávamos sem internet pra pesquisar.
Júlia só dormia, Ingrid rabiscava no caderno, Inês se constrangia com a kitnet e eu mais ainda.
Mas aí um dos rabiscos de Ingrid prestou.

A figura

Primeiro mostramos à professora, na pré-apresentação (que era pra ela aprovar ou não a imagem), um esboço feito no paint. Empolgadíssimas estávamos por criar, e não usar algo já feito, e ela…
Odiou.
Achou feio, disse que era melhor a gente procurar outra imagem.
Mas já estavávamos envolvidas, então fizemos a fotografia final e fomos pra frente da sala apresentar, já esperando as risadas e a cara de reprovação da prof.
Aí ela amou.=)
Foto: Júlia Borges

É que graças à propriedade de fechamento, a maioria das pessoas que olhar para os gravetos fotografados verá uma estrela. O nosso cérebro “conserta” as coisas pra gente, ou seja, assim como ele corrige a orientação do que os nossos olhos captam (porque a gente enxerga de cabeça pra baixo), ele busca completar o que parece estar faltando traços. O que explica isso é a tendência à boa-forma. E é por isso que se você passar por um restaurante cujo letreiro teve pedaços de letras danificados, ainda assim você compreende o total.

Porque o total, aliás, é tudo o que se vê. Ao chegar pela primeira vez num cômodo, você não percebe cada detalhe, só guarda a impressão. Exemplo: bagunçado ou arrumado, limpo ou sujo, moderno ou antigo, colorido ou sépia, enfim. Textos e imagens também são percebidos assim. Observe a onça abaixo:


Foto: internet
Particularmente, acho que as pessoas TAMBÉM são percebidas assim, por isso as pessoas não conseguem se ater às características por si só, mas sim o contexto geral: se você é legal, feio, bonito, burro, autoritário...enfim. Mas isso é só especulação minha, não me lembro de ter visto estudos a respeito.

Mas pra que o cérebro complete as imagens, lá vai outra propriedade da Gestalt: a Semelhança, ou semelhança passada. É fácil de entender: o seu cérebro completa o triângulo porque ele conhece triângulos.
Desta forma, a nossa “estrela” pode também ser completada para formar o A da Anarquia. Nem eu, Júlia ou Ingrid pensamos nisso, mas Inês, mais familiarizada com o símbolo, percebeu a semelhança de primeira. Logo, o desenho, a depender de quem o observe, pode ter esses dois significados – ou mais, se você encontrar mais (a professora falou algo sobre como estávamos de parabéns pela escolha da grama, que é uma planta que não cresce, e relacionou com outros elementos da fotografia, mas eu não me lembro muito bem, achei que estava além da minha capacidade de viajar em um simples matinho).

As imensas interpretações são a essência da Gestalt, e por isso mesmo ela por si só não serve à propaganda: ninguém quer uma peça que deixe dúvida quanto à conclusão da mesma. Nesse ponto, a Publicidade fica mais para o Behaviorismo, com o estímulo e resposta. Aí vem o cãozinho de Pavlov, comportamento, condicionamento, pa pa pa…mas eu fico por aqui mesmo. 

Um comentário:

  1. legal! Acho que a arte em si meio que significa isso,dar brecha a outras interpretações,visões. Não só o que o artista quis dizer,mas o que a obra pode despertar nas pessoas. Quanto a publicidade,pelo que você falou,é meio complicado isso,rs.

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