sábado, 26 de fevereiro de 2011

Receita de Homem

Vinícius de Moraes fez a Receita de Mulher. Agora, eu tomei-a emprestada pra colocar a receita do oposto.  Eis aqui:



Os feios que me perdoem, mas beleza é fundamental.

 É preciso que haja qualquer coisa de porte, qualquer coisa de surf wear em tudo isso (ou então que o homem se socialize elegantemente em preto).

Não há meio termo possível. É preciso que tudo isso seja belo. É preciso que de repente se tenha a impressão de ver um cavalo pronto a guiar a manada, e que um rosto adquira de vez em quando essa expressão somente encontrável nas canções de Nando.

É preciso que tudo isso seja sem ser, mas que se reflita e se harmonize na cabeça das mulheres.

É preciso, é absolutamente preciso que tudo seja belo e inesperado. É preciso que uns olhares misteriosos lembrem um filme de james Bond.



Ah, deixai-me dizer-vos que é preciso que o homem que ali está como o beija-flor ante à tulipa seja belo ou tenha pelo menos um rosto sem relevos exarcebados e que seja tênue como um punhado de água; mas que seja uma água com olhos e largos ombros. Ombros largos é importantíssimo. Olhos, então, nem se fala, que olhem com certo desejo contido. Uma boca fresca (sempre macia) é também de extrema pertinência.

É preciso que as extremidades tenham contorno, que umas tensões despontem, sobretudo a panturrilha ao mover dos pés.

Gravíssimo é, porém, o problema das costas em V: um homem sem costas em V é como um rio assoreado.


Indispensável que haja uma hipótese de barriguinha, e em seguida o homem se imponha em corcel, e que seus peitos sejam uma expressão brasileira, mais que fortes ou lisos, e possam esquentar o ambiente com uma capacidade mínima de 180 graus.

Sobremodo pertinaz é estarem as orelhas e a nuca à mostra; as pontas que terminem como curvas, mas bem haja um certo volume de nádegas, e que elas sejam rijas, rijas como a superfície das mangas e contidas, no entanto suficientes para acomodar as mãos das mulheres.

Os olhos, que sejam de preferência expressivos, e coloquem-se sempre para lá de um invisível muro da conquista que é preciso ultrapassar.

Que o homem seja em princípio alto, ou, caso baixo, que tenha a atitude mental dos poetas.

Ah, que o homem dê sempre a impressão de que se se fechar os olhos, ao abri-los ele terá preparado uma surpresa, com seu sorriso e suas tramas. Que ele surja, não venha; parta, não vá.

E que possua uma capacidade de distanciar subitamente e nos fazer beber o fel da dúvida.

Oh, sobretudo que ele não perca nunca, não importa em que mundo, a sua infinita volubilidade de pássaro; e quando olhado com profundidade, transforme-se em fera sem perder a sua natureza protetora, que destile sempre o embriagante desejo, e não deixe nunca de ser compositor do efêmero, e em sua incalculável imperfeição, 
constitua a coisa mais atraente e mais perfeita de toda a criação inumerável.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Traços formando um lagarto - mais uma da Gestalt

Desenho e foto: Luma Pinto


Desenhei esse no 3º ano do colégio, pouco mais que três anos atrás. É mais um exemplo de Gestalt, as propriedades de Fechamento e de Tendência à boa forma, porque o lagarto não tem contorno, ele é formado pela aproximação (outra tendência) das formas em azul.

Quanto ao desenho, fui infeliz em acrescentar o símbolo do Yin - Yang. Ficaria melhor sem ele.


quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Beijo

Um beijo precisa de muito pra acontecer.




Precisa de olhar, precisa de intuição, de feeling. Um beijo precisa ser provocado, às vezes até planejado. Tem que condizer com as intenções: ser suave ou quente, a depender do que seja de verdade.


Um beijo não dura pouco nunca, porque ele cabe no instante das sensações, do que faz ver ou sentir. Ele diz coisas que precisam de um bom intérprete pra perceber. Precisa de conexão.



O beijo é exigente, ele cobra desejo. Seja a boca, o corpo ou a mente, algo tem que ser irresistível para o indivíduo que faz acontecer o beijo. E tem que fazer acontecer.  Um beijo talvez precise até de cálculo.



Um beijo precisa prender, encantar. Precisa atrair, quer possuir. Faz esquecer, também. Faz imaginar, sonhar, enxergar…








Um beijo não precisa de amor, mas precisa de sentimento – não exatamente pela pessoa, mas pelo próprio beijo: ele é egoísta.




O beijo precisa, principalmente, inspirar outro beijo. Um beijo que nunca se repete é o produto que só se compra uma vez e causa arrependimento; é o não olhar pra trás pra continuar a ver aquele rapaz alto que passou do seu lado.



O beijo é como o Marketing: ele tem antes, durante e depois. Não deve ser bom em Marketing quem não é um bom beijador.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Introversão. "Uhu, tô sozinho, uhuu"

A aula de Inglês de sexta contou com um textinho sobre os tipos de personalidade definidos pelo teste de Katharine Briggs e Isabel Briggs Myers, sua filha. O primeiro tópico era IntroversãoxExtroversão.

Foto: Internet

A maioria das pessoas confunde introversão com timidez, inclusive eu, antes de ler o texto. Mas não. Segundo elas, na verdade ser introvertido ou extrovertido é apenas relacionado ao modo como você obtém energia: se você se energiza por estar em contato com outros, você é extrovertido(a); se obtém mais energia estando sozinho, é introvertido. A professora ainda brincou que o introvertido fica em casa feliz: “Tô sozinho, uhu, tô sozinho”.

Achei graça da cena que ela pintou, não muito diferente dos meus ataques de sorrissos e gargalhadas quando estou sozinha no apê. Acho que a maioria das pessoas é metade de cada, tudo depende do momento. 

Tem dias em que eu me sinto óóótima com um galerão, o que inclui todos os momentos de escola, as catorias em grupo, festas, shows (a energia contagiante do show de S.O.J.A. na praia de Ipitanga que o diga), as gracinhas de Thiago Henrick na sala de aula, Guga dançando antes de Ricardo dar as notas de Ética e Legislação Publicitária…
Foto: Juci Matos


Mas, às vezes, fico em total sintonia com a felicidade estando sozinha, lendo, escrevendo, planejando, na água do mar (é muito divino), ou mesmo olhando esse solzinho fraco de fim de tarde batendo na piscina do condomínio e cortando a sala, raios dividindo livros, reflexos, instrumentos…
Foto: Luma Pinto

Hoje estou nesse momento intro. =)

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Para ter uma grande ideia é preciso...

Depois que Patrick leu o texto da Almap na sala de aula (esse aqui, dá uma conferida), o professor sugeriu que a gente refizesse, sob o nosso olhar.

O resultado foi:







segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

A tal da Gestalt

(texto adiado por falta de internet)

Semana passada meu ilustríssimo professor de Arte Publicitária passou um slide durante a aula para relembrar-nos da Gestalt, para usá-la na criação da identidade visual de uma marca. Tudo aquilo: pregnância, proximidade, fechamento…
Opa, fechamento?
Ah, tá, me fez lembrar do trabalho do 1º período do curso, na matéria Psicologia I, a professora gostou tanto que me pediu pra fazer um artigo ou publicar num blog. Aí eu esqueci…e agora vou fazer isso, logo, aqui vai o meu primeiro texto de cunho acadêmico:

A tarefa
Os grupos deveriam encontrar uma imagem que representasse alguns dos princípios da Gestalt para apresentar em sala de aula. Todo mundo foi procurar na internet. Mas aí…o meu grupo, composto por Inês, Júlia e ingrid, além de mim, lógico, resolveu fazer a tal reunião na minha casa. Quer dizer, aquilo era tudo, menos uma casa: assim que vim morar em Aracaju, fiquei numa kitnet meio desorganizada – sendo bem bondosa – , e então estávamos sem internet pra pesquisar.
Júlia só dormia, Ingrid rabiscava no caderno, Inês se constrangia com a kitnet e eu mais ainda.
Mas aí um dos rabiscos de Ingrid prestou.

A figura

Primeiro mostramos à professora, na pré-apresentação (que era pra ela aprovar ou não a imagem), um esboço feito no paint. Empolgadíssimas estávamos por criar, e não usar algo já feito, e ela…
Odiou.
Achou feio, disse que era melhor a gente procurar outra imagem.
Mas já estavávamos envolvidas, então fizemos a fotografia final e fomos pra frente da sala apresentar, já esperando as risadas e a cara de reprovação da prof.
Aí ela amou.=)
Foto: Júlia Borges

É que graças à propriedade de fechamento, a maioria das pessoas que olhar para os gravetos fotografados verá uma estrela. O nosso cérebro “conserta” as coisas pra gente, ou seja, assim como ele corrige a orientação do que os nossos olhos captam (porque a gente enxerga de cabeça pra baixo), ele busca completar o que parece estar faltando traços. O que explica isso é a tendência à boa-forma. E é por isso que se você passar por um restaurante cujo letreiro teve pedaços de letras danificados, ainda assim você compreende o total.

Porque o total, aliás, é tudo o que se vê. Ao chegar pela primeira vez num cômodo, você não percebe cada detalhe, só guarda a impressão. Exemplo: bagunçado ou arrumado, limpo ou sujo, moderno ou antigo, colorido ou sépia, enfim. Textos e imagens também são percebidos assim. Observe a onça abaixo:


Foto: internet
Particularmente, acho que as pessoas TAMBÉM são percebidas assim, por isso as pessoas não conseguem se ater às características por si só, mas sim o contexto geral: se você é legal, feio, bonito, burro, autoritário...enfim. Mas isso é só especulação minha, não me lembro de ter visto estudos a respeito.

Mas pra que o cérebro complete as imagens, lá vai outra propriedade da Gestalt: a Semelhança, ou semelhança passada. É fácil de entender: o seu cérebro completa o triângulo porque ele conhece triângulos.
Desta forma, a nossa “estrela” pode também ser completada para formar o A da Anarquia. Nem eu, Júlia ou Ingrid pensamos nisso, mas Inês, mais familiarizada com o símbolo, percebeu a semelhança de primeira. Logo, o desenho, a depender de quem o observe, pode ter esses dois significados – ou mais, se você encontrar mais (a professora falou algo sobre como estávamos de parabéns pela escolha da grama, que é uma planta que não cresce, e relacionou com outros elementos da fotografia, mas eu não me lembro muito bem, achei que estava além da minha capacidade de viajar em um simples matinho).

As imensas interpretações são a essência da Gestalt, e por isso mesmo ela por si só não serve à propaganda: ninguém quer uma peça que deixe dúvida quanto à conclusão da mesma. Nesse ponto, a Publicidade fica mais para o Behaviorismo, com o estímulo e resposta. Aí vem o cãozinho de Pavlov, comportamento, condicionamento, pa pa pa…mas eu fico por aqui mesmo.