terça-feira, 28 de junho de 2011

Estou com Banzo.

Os negros escravos sofriam dessa doença, o Banzo, que, resumidamente, significa tristeza profunda por saudade da terra de origem.( Leia mais aqui).
Se minha negritude brasileira me permite, sinto saudade da minha terra, que não é a África, mas sim um pedacinho de chão bem ao Sul da Bahia. Uma cidade que surgiu onde antes havia apenas uma estrada. É a terra de Jorge Amado, do cacau, das Marias, dos Antônios.
Uma cidade cujos arredores são repletos de cacaueiros, hortas, árvores copudas, rios, corredeiras, mata fechada, Mata Atlântica.

(Recomendo ler ouvindo esta canção. A garota não é minha conterrânea, mas foi o que eu estava ouvindo quando escrevi isto aqui)

...e que nessa época do ano se enche de um friozinho gostoso nas madrugadas...
e lembra a mãe dizendo para calçar a sandália, que o chão tá frio;
lembra da equipe de gincana (TATU no coração) fazendo dois virotes seguidos pra ganhar todos os anos, até enjoar;
lembra a batida forte no coração que parece chamar para o São João no interior...

...lembra casa. Casa. Minha casa, onde sempre foi. Meu lar.

E daí dá saudade.
Daquelas apertadas.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Todo mês meus filhos morrem

“Ela afasta os cabelos do rosto e os prende atrás das orelhas, pronta para começar mais um dia. Mais andorinhas sobrevoam o parque, novas famílias circulam, dentre elas crianças, pai e avô.
Não demora muito a chegar no ateliê onde ela trabalha toda manhã, toda tarde, quase toda noite. Na frente há uma banca de revistas, e, volta e meia, Clara vê cartazes de Maire Claire, Manequim, Arquitetura & Construção – vendendo um mundo de beleza e felicidade. E o ateliê, então! Cheio das cores que ela não vê brilhar em sua vida pessoal.

E, se ao fim de cada pôr-do-sol ela derrama uma lágrima, não podem queixar-se: todo mês ela sente morrerem seus filhos, a cada ciclo menstrual, e é impossível conter a dor de ver as páginas de seu futuro ficarem transparentes e sumirem.
Cada nova lua é um indício de que a fertilidade foi em vão, e ela se vê cada vez mais longe da vida com a qual sonhou.
Como uma promessa que não foi cumprida.”

segunda-feira, 13 de junho de 2011

É impressão minha ou o mundo tá mais fofinho?

As últimas décadas foram marcadas por mudanças políticas, tecnológicas e verdadeiras revoluções de comportamento, moral e ‘bons costumes’. As mulheres ganharam o mercado de trabalho e muito mais direitos, buscaram diminuir o racismo, surgiram os celulares e hoje ninguém pega mais o endereço, prefere ligar pra um amigo do meio do caminho. Um dia sem ele do lado é praticamente perdido. As pessoas passaram a publicar suas vidas na internet, o homossexualismo foi, gradativamente, ganhando um certo respeito, surgiram bandas emotivas, coloridas, e...ruins. Tá, nem todas, mas...

Nesse mundo do agora, da informação colaborativa e instantânea, acho que as pessoas estão mais necessitadas de amor, beleza e felicidade. Em poucos dias, vídeos como Oração , da Banda mais bonita da Cidade e Eduardo e Mônica, da Vivo, ganharam o coração das pessoas.

Muita gente queria estar ali dentro da casa ou da história de amor, e eu não me excluo. É uma forma de realização, de brilho nos olhos.
Esse vídeo aqui embaixo eu assisti hoje. Uma melodia gostosa e fofa, típica dos momentos de “ abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim”.

Se essa necessidade repentina de coisas sentimentais reflete a inconstância do mundo atual, a lacuna de amor que o stress diário, a distância e a falta de tempo acarretam, eu não sei. Mas eu adoro essa onda de vídeos – publicitários ou não – cheios de amor, amizade e felicidade, porque me inspiram, e se encaixam no meu modo de ver a vida: sempre fofa, sempre linda, e sempre ao seu alcance. Você faz da vida uma coisa cada vez mais bela, com seus gestos e palavras.