quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Tão eu.

Mais um texto narcisista. Ontem não postei nenhum porque fiquei doente =xx Tive que descansar e passar longe do pc. Ok, leiam abaixo...

"Desconfio que ninguém irá me amar mais do que eu própria - e isso não é frase pronta de livro de auto-ajuda. É que a voz que eu ouço por dentro da cabeça difere da que os outros ouvem por fora, a pose que eu faço na frente do espelho não condiz com o que sai na foto, a ideia que me vem na cabeça nem sempre é dignamente expressada, o som que as pessoas escutam através das cordas do piano não é igual ao som que eu imprimo com a melodia na cabeça e já me preocupando com as notas seguintes.





O sabor, de fora para dentro, não é o mesmo, e o meu eu perdoa as vezes em que grito, choro ou quebro regras, apoia os meus sonhos mais loucos e projeta os meus objetivos próximos. Aí me acho linda. Somente eu tenho pay-per-view ilimitado de minha própria vida , e acho graça do amor, da paixão, daquele dia que cheguei bêbada, da chuva quando me aborda no meio da tarde. Meus lábios me permitem sorrir se eu acordar numa casa detonada pela festa do dia anterior, ou se o vento me soprar a fronte pela janela do automóvel, se a careta ficou legal no espelho, a pose ensaiada, ou se a roupa ficou perfeita, e ainda complementada pelas unhas pintadas na correria.





Minha mente não me permite discrição para disfarçar que adorei aquele estranho abaixando os óculos escuros só para me olhar, ou aquela criança que parou pra me ver cantar, o rapazinho que hipnotizou ao me ouvir tocar...




Meus olhos brilham ao ver amor e beleza onde quer que seja. esse meu excesso de amor próprio, esse mesmo que faz com que eu nem acredite que esse cabelo lindo seja meu, que a pele do rosto seja limpa, que o pescoço seja imponente, que haja três sinaizinhos charmosos nas saboneteiras, e um no meio do lábio inferior, que o corpo seja magro e modelado, que eu tenha direito de possuir essa imagem. Esse amor me cerca, me aquece e me faz gostar da beleza dos outros também. Me faz acreditar que todo mundo poderia se sentir assim, bastando apenas investir no que tem de melhor.

Mas, repito, desconfio que ninguém irá me amar mais do que eu própria, o que me traz um pouco de solidão. A auto-estima me torna segura e apaixonada pelo meu ego, mas parece carregar uma incompletude, sua cruz. 

Afinal, os narcisistas também sofrem."

Um comentário: